Liberdade

quinta-feira, 15 de março de 2012

Olá meu bem, espero que essa te encontre bem.

Como está o Duh? Grandão eu aposto! E aquele seu problema nas costas? Já foi ao médico ver o que era? Mandei que minha irmã te levasse o dinheiro pra que fosse em um médico particular, espero que esteja tudo bem por aí... aqui?

Aqui os dias não mudam muito, todos os dias vejo o sol em um horário certo, almoço, janto e trabalho nos horários fixos... graças à esse trabalho aqui dentro o promotor disse que vai falar com o juiz para rever a minha pena. Finalmente vou provar pra todo mundo que eu não tive culpa, que aconteceu tudo por acidente, por engano.

Sinto saudade de seus abraços, de seus beijos, de ouvir sua voz antes de dormir, de jogar bola com nosso menino, de ensinar pra ele a chutar uma bola, a andar de bicicleta, a (não se zangue comigo) como paquerar uma menina. Como ser respeitoso com os mais velhos...

Espero logo poder matar todas essas saudades e voltar logo pra casa!

Com amor, Marco.

Já se tornou questão de sobrevivência.

terça-feira, 6 de março de 2012

Dia após dia tenho percebido o quanto eu preciso de você. Eu tento me distrair, dar uma volta, rir das piadas dos outros, tento fazer amigos, ir ao parque, caminhar, comer porcarias, viajar, mas nada resolve. Tudo é momentâneo, basta alguns segundos e eu me lembro de você. Não é mais apenas um desejo, isso se tornou necessidade, uma necessidade assustadoramente dolorosa por não poder ter. Precisar e não poder ter. Você é a minha impossibilidade, ao menos agora. Eu não entendo os motivos disso ter que acontecer justamente quando eu mais preciso da tua companhia. Nem é mais novidade, todas as pessoas que costumavam estar à minha volta cansaram de ouvir coisas a seu respeito, mas existem detalhes que nunca foram ditos. Os detalhes que só nós conhecemos. As pequenas abstinências que cada pedacinho de mim tem de você são horríveis, me fazem querer sair de mim por ser tão incompleta.

Amor, você se lembra daquela vez em que começou a gear? Lembro de te ver achando graça porque a ponta do meu nariz estava avermelhada. Nós estávamos naquela pracinha perto de um restaurante onde tocava tango e, pra variar, você tentava me tirar pra dançar a todo custo, seu maluco! Isso ainda me faz suspirar, confesso. Era o nosso jeito estranho de nos divertir. Te ver sorrindo feito criança quando descobre algo novo valia a pena.
Lembro-me também daquela noite chuvosa em que eu te disse adeus e pensei que você me deixaria partir. Como foi bom deparar contigo no portão da minha casa me roubando um beijo antes que eu pudesse proferir qualquer palavra! Aquela noite foi assim, sem muitas palavras, o fato de estar com você bastava. Éramos um. Nós sempre estávamos em sintonia, sempre deixamos os instintos falarem mais alto. Como se todo aquele amor atravessasse nossos ossos e saísse por nossos poros. Quando você estava tão próximo que eu podia sentir o seu coração e o meu sincronizados, pulsando no mesmo ritmo... era perfeito. Você tinha o dom de estar com o corpo sempre aquecido, mesmo no frio. Tão único!
Hoje me permiti recordar cada insignificância que é bonita pra mim enquanto escuto aquelas velhas músicas que eu costumava cantarolar enquanto lhe velava o sono.
Ah, meu amor! Eu tenho tanta urgência em ser sua outra vez, em deixar esse amor que aperta aqui dentro simplesmente explodir. Eu preciso que o som da sua respiração seja a única canção que embala tudo o que sinto. Como numa dança lenta de passos exatos... onde tudo se encaixa.
Eu tenho urgência em sentir a tua vida, deitar sobre o teu peito e ouvir o teu coração bater. Eu, que te amo tanto! Eu preciso me esconder na tua pele. Preciso sussurrar os meus segredos, preciso te dizer pra não ir embora, porque estar aqui sem você é o mesmo que não estar aqui.
Se fecho os olhos, lembro do toque dos seus dedos mapeando meu rosto com cuidado; lembro da brisa fresca daquele parque em que nos vimos pela primeira vez.
Só me lembro, afinal, passou...
O ruim é que aqui dentro nunca passa.
Eu amo você.

Estação

segunda-feira, 5 de março de 2012

Olá meu Amor.

Hoje voltei àquela nossa pedra na beira da estrada, lembra? O movimento continuava igual, o dia não estava tão quente, resolvi caminhar até lá ver se nossos nomes ainda estavam gravados na pedra. Estavam. Lembra-se de quando os talhamos ali? Ficamos horas para fazer nossos nomes ali e as letras ainda ficaram tortas!

Quando terminamos apostamos em quantos carros passariam, os meus eram os vermelhos e os seus eram os pratas, você sempre ganhava, muito injusto! Quando dei por mim estava ali vendo os carros já tinham algumas horas, me levantei, passei a mão suavemente pela pedra e as letras dos nossos nomes, suspirei e voltei para casa a tempo de ouvir o trem apitando ao longe. Desviei do caminho e segui até até a estação, lá pude ver o trem ir embora, mais uma vez, impossivel controlar a vazão de lágrimas que me tomou. Quem estava na plataforma de embarque certamente pensava que eu tinha alguem muito querido partindo naquele trem. Mal sabiam eles que quem me era querida já partirá a muito tempo, porém, o som do trem sempre reavivava aquela sensação ruim e me pego pensando em quando será teu regresso.

Ainda agora olhei para o calendário, faziam alguns meses já e eu ainda sentia falta. A mão me treme a pena agora sobre o papel, melhor parar de escrever. Espero que fique bem e que voltes o quanto antes.

Com amor, eu.

Eis a minha resposta.

sábado, 3 de março de 2012

Eu sei que você tentou falar comigo um dia desses, mas desliguei todos os telefones, achei mais sensato ficar por alguns instantes, longe de tudo. Também achei coerente justificar-me ao menos dessa vez, tendo em vista que costumo sumir sem dar notícias.
Pois é. Quem diria que um dia o silêncio me seria mais confortável do que qualquer palavra?
É melhor assim. É melhor ter que parar, pensar e tentar resolver, do que agir segundo o que os outros acham correto. É melhor não precisar ouvir as "soberanas" opiniões humanas, como alguns a si próprios intitulam: "soberanos". Humanos! Pobres mortais, assim como sou! Um dia ousei valorizá-los mais do que valorizava-me. São apenas seres errantes, confusos, loucos e que ainda atrevem-se a dizer que são sábios.
De mortal louco por mortal louco... ouço a mim.
Ao menos responderei apenas por minhas loucuras, sentirei culpa apenas pelos meus erros. Eu prefiro a solidão do que ter por companhia um amontoado de palavras impensadas. Prefiro o tédio e o sono do que sentir a necessidade de castigar-me enquanto a insanidade reina, esbanja luxúria e se prolifera. É verdade que eu sempre tive uma fome absurda pelo improvável, pelo novo, pelo sobrenatural ou por qualquer coisa que tornasse o meu dia inacreditável mas, entenda: preciso estar só. Preciso que haja silêncio para que eu possa me ouvir. Ultimamente tenho tentado descobrir quem sou sem aquela maldita dependência. Tenho urgência em desfazer-me desse "alter-ego" que me fora desenvolvido de forma tão sutil. Preciso sentir a velha e angustiante abstinência que a distância proporciona.
Abstinência é isso: sofrer quando eu me dou conta de que já não tenho mais formas de fuga. Saber que chegou o momento de encarar os anseios e confrontar o meu interior sem camuflar algo. Sem poder escapar. Tudo ou nada. Matar meus impulsos ou ser morta por eles.
Não é questão de escolha, é questão de sobrevivência.

Não deixa esse "pra sempre" acabar, tá bom?

Há um ano atrás eu vi você pela primeira vez. Engraçado foi o percurso até a tua casa que é tão distante da minha. Eu estava dentro daquele carro, era pra ser só mais um passeio com os amigos, eu ouvia seu nome e ouvia poucas coisas a seu respeito. Imaginava que você não fosse gostar de mim e nem eu de você. Me perguntava o que eu estava fazendo ali, até descer completamente constrangida por não ter sido convidada. Então te vi sorrindo.
Passei o dia lembrando daquela primeira vez que eu fiquei parada te olhando, é como se ali, apesar de não saber, eu houvesse conseguido sentir tudo o que estaria por vir. É como se eu já tivesse vivido aquele dia em que eu cheguei perto de você chorando e você me abraçou dizendo que se precisasse ir até o inferno para me salvar, iria. É como se eu já houvesse te ouvido cantar, como se já tivéssemos trocado confidências, como se eu já tivesse te visto sangrar, como se já soubesse o quanto você era capaz de lutar, como se toda história que estaria por ser escrita já fosse conhecida pelo meu coração. E foi só a primeira vez que te vi!
"Já era amor antes mesmo de existir", lembra? Mesmo quando eu estou longe, continuo perto. Você sabe, nossos espíritos se comunicam. Seu coração conhece o meu e vice-versa.
Sabe o que me fez sorrir agora? Lembrar que você acordou mais um dia. Graças a Deus! Como eu sou grata por ter você aqui! Como eu sou grata por saber que você continua respirando!
Eu te amo tanto...
Faz um ano, mas é como se houvesse toda uma vida. É como se a nossa conexão já existisse antes mesmo de nós estarmos aqui. É de alma. Talvez seja por isso que eu preciso tanto te ver sorrindo, porque se você não puder sorrir com todo o seu ser, se o seu interior não estiver estabilizado e firme, eu também não posso. Eu também não consigo. É essa nossa ligação... Espero que esse fato não te preocupe, porque não fomos nós quem escolhemos assim, esse é apenas um presente que nos foi dado.
Que presente!

Algumas palavras 
1 ano depois de conhecer alguém 
que me ajudaria a carregar a pedra de uma forma 
tão doce.

Era segunda-feira quando...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Lembra daquele primeiro abraço? Porque eu não esqueci. Eu estou aqui agora por causa dele. Talvez você reclame da sua falta de memória ou das minhas insanidades, talvez você não aceite os meus erros e talvez isso te faça acreditar que eu também não aceitaria os seus, mas que diferença faz? Nós somos assim. No fundo, eu sou exatamente igual a você. Posso dizer que não me importo, mas você conhece a verdade. Posso dizer que esqueci quando eu simplesmente não queria... Posso ser louca, você tem razão. 
Tão louca que continuo esperando chegar uma outra segunda-feira qualquer depois de um fim de semana completamente estranho para que eu possa te abraçar como se fosse a primeira vez. Pra que eu possa segurar a sua mão e dizer que vai passar. Pra poder chorar no teu colo. Pra viver tudo aquilo novamente e pra te pagar tudo o que eu devo, tipo aquela música que eu jurei te mostrar, mas nunca toquei. Como aquele passeio no parque perto da tua casa, e como todas as outras coisas que foram prometidas, mas não puderam acontecer. 
Não me cobre nada agora. Só me abrace, caso a saudade passar pela tua janela.