Carry On

sábado, 23 de janeiro de 2016

De: Eu <sergiow@mail.com>
Para: Sophia <sophiaavois@tuta.io>
Data: Sab, 23, Jan 2:48
Assunto: Re: Dúvida.



Olá, Sophia.

Primeiramente me permita lhe parabenizar por ter tido a audácia de me enviar esse e-mail.

Por que devo acreditar em uma só palavra do que diz? De verdade, Sophia. Não consigo acreditar em suas palavras de ter realmente gostado de mim. Hoje, depois de três semanas afastado de minhas funções e ter ido passar alguns dias no litoral fluminense repensei muitas coisas e vi como fui otário em acreditar em você.

Algo lhe tirando o foco? Ora. Devo acreditar nisso ou é mais uma de suas mentiras? Quer mesmo saber o quê fez seu castelo de crimes ruir? Quer mesmo saber? A verdade é que você, por mais inteligente que fosse, jamais poderia lidar com algo propriamente humano que é a imprevisibilidade de seus atos.

Não devia, mas vou lhe responder: na sua quinta ação. Aquela que você enrolou o corpo de um homem vivo e o jogou numa piscina velha e o incendiou. Ali tivemos acesso à imagens suas saindo da estrada vicinal que dava acesso para aquela casa. A pessoa viu a notícia de seu ato e, como boa jornalista que é, correu até a polícia. Porém a imagem não era tão perfeita e demoramos algum tempo até chegar ao seu carro. Coloquei uma equipe atrás de duas dúzias de pessoas até me dar conta, por aquele dia em que tentou me dopar em que já tínhamos quase certeza de ser você. Mas você era boa em apagar rastros.

Mas, naquele dia, já tinha tudo esquematizado. Achou que foi sorte o último taxista dar o desconto? Francamente. Excesso de confiança não combina contigo.

E, como deve saber, rastreei esse e-mail sim. Apesar dos inúmeros desvios, sei que está no Centro-Oeste do país. E eu vou te caçar, nem que seja a última coisa que eu faça.

Sérgio W.

ps.: Durma com um olho aberto, eu posso estar por perto.

Da Estrada

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

De: sophiaavois@tuta.io
Para: Eu <sergiow@mail.com>
Data: Sex 1, Jan 19:28
Assunto: Dúvida.



Olá Sérgio, tudo bem?

Espero que não esteja machucado por causa do golpe de nosso último encontro. Lhe envio essa mensagem com uma dúvida que não me deixou recobrar o foco desde que fui embora.

Não que vá acreditar, mas eu realmente gostei de você, do seu brilho no olhar... lamento tudo ter acabado como acabou.

Poderia escrever mil coisas, contar histórias, mas creio que, no momento atual, não iria acreditar em nada do que lhe falasse. Porém, podes, em nome do tempo que passamos juntos, me dizer onde, quando, em que momento eu pisei na bola. De verdade. Eu revejo todos os meus atos e não consigo imaginar o momento exato onde deixei transparecer que eu era a culpada dos "crimes" que você investigava.

Aguardo, ansiosamente, sua resposta.

Atenciosamente,
Soph

ps.: não perca tempo tentando rastrear esse e-mail. Vai ser inútil.

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