Bicho-Papão

domingo, 29 de outubro de 2017

Tarde cinza. Beijos do vento. A fome se foi, as lágrimas vão e voltam incansavelmente. Quantas tempestades já chorei hoje?
No litoral da angustia, os olhos são sempre marejados.

Onde as palavras não encaixam e perdem-se ao serem ditas, o silencio será o meu manto que nunca aquece, que não protege, que serve apenas como esconderijo do bicho-papão que é o medo.
De estar só.
De ser inaudível, invisível, insignificante e imperceptível.
Do medo de sentir as cordas vocais vibrarem e o som se propagando no ar, ainda assim, ninguém ouve, nada muda.
Nada muda.
N
a
d
a.
Medo da impaciência. Medo de ser só em meio à tantos.

Bicho-papão Medos Incoerentes, por terem tornado-se reais há tanto tempo.

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